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O “retângulo” onde vivemos é pequeno, mas ainda assim lidera a lista dos países europeus com maior número de casos de perturbações mentais. Quem o diz é um estudo da Direção Geral de Saúde publicado em 2013.

 

A 10 de outubro assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, data criada em 1992 pela Federação Mundial de Saúde Mental (World Federation for Mental Health) e que se celebra em Portugal com iniciativas de diferentes organizações.

 

 

O que é a saúde mental? 

 

Se não há saúde, há doença. Se bem que no caso da doença mental se tente suavizar a expressão. Em entrevista ao Até Sempre, o Presidente do Colégio de Psiquiatria, Luiz Gamito, expõe esta questão: “Essa designação (doença mental) é posta em causa pelas sociedades científicas no âmbito da medicina, não porque não existam doenças mentais propriamente ditas. Há doenças do fígado, do estômago, porque não haveriam de existir doenças do cérebro?”

 

A questão principal coloca-se na distinção entre doenças neurológicas e doenças mentais. O psiquiatra Luiz Gamito explica: “Nas primeiras a estrutura material do organismo aparece visivelmente lesada (por exemplo: tumor cerebral). As doenças mentais advêm de comportamentos estranhos, patológicos onde não há evidência biológica que diga objetivamente que o doente padece de determinada doença”.

 

Consideram-se doenças mentais, as psicoses, a esquizofrenia, as perturbações obsessivo-compulsivas, a ansiedade, a perturbação bipolar, a depressão e o suicídio (sendo que este é um sintoma depressivo), entre outras. 

 

A depressão é considerada a doença mental mais frequente no conjunto das doenças mentais, revela o Presidente do Colégio de Psiquiatria. 

 

 

Quebrar o estigma

 

Não utilizar o conceito “doença mental” é um dos impostos que a sociedade tem de lidar nos dias de hoje. Isto porque esse conceito tende a estigmatizar as pessoas, que passam a ser “discriminadas” pelos demais, acrescenta o Presidente do Colégio de Psiquiatria ao Até Sempre. 

 

“Não aos alaridos! Não ao tratar as pessoas como doentes mentais, como maluquinhos” reitera o médico Luiz Gamito. 

 

Para o Presidente do Colégio de Psiquiatria, não basta “mudar o nome às coisas para depois ficar tudo igual”. Ainda que se chamem “perturbações mentais”, a luta contra o estigma tem a ver com o facto de “todos aceitarmos que as doenças mentais existem, fazem parte da condição humana e qualquer um pode ser afetado, sejam elas momentâneas/esporádicas ou mais duradouras”.

 

 

Saúde Mental em Portugal

 

Dados dos Estudo Epidemiológico Nacional de Saúde Mental (2013) mostra que as perturbações psiquiátricas afetam mais de um quinto da população portuguesa. Deste valor global destacam-se como os mais altos: perturbações da ansiedade (16,5%) e perturbações depressivas (7,9%). 

 

A nível europeu, só a Irlanda do Norte ultrapassa Portugal com 23,1% dos casos. 

 

O estudo revela também que as mulheres estão mais sujeitas a perturbações depressivas e os homens a perturbações do controlo dos impulsos e do consumo de substâncias (álcool, no caso português). Conclui-se também que o Alentejo é a zona do país cujos números são mais elevados, facto que o Presidente do Colégio de Psiquiatria, Luiz Gamito justifica por falta de profissionais da área por habitante. 

 

 

Caminhar e debater

 

A Federação Nacional de Entidades de Reabilitação de Doentes Mentais (FNERDM)  vai caminhar pela Saúde Mental. A  3ª edição da Caminhada pela Saúde Mental conta com o apoio do Instituto Nacional para a Reabilitação (INR) e pretende "sensibilizar a comunidade para as questões da Saúde Mental, e ser um contributo contra a exclusão e o estigma, a favor da valorização do indivíduo com experiência de doença mental, bem como a sua inclusão social".

 

A caminhada consiste num percurso de 3km, com início na Doca de Alcântara e término no Padrão dos Descobrimentos, em Belém, a partir das 10:00, do dia 10 de outubro.

 

Também no Hotel Tivoli Oriente, em Lisboa, irá decorrer o Encontro Internacional 2015 do Colégio da Especialidade em Enfermagem de Saúde Mental e Psiquiátrica, com o objetivo de "apresentar e 

 

discutir as linhas de desenvolvimento da Enfermagem de saúde mental na Europa e a consequente melhoria da prestação de cuidados".  A sessão comemorativa terá lugar entre as 13:00 e as 15:00, na sala do Pavilhão de Portugal, e inclui a atuação do Grupo Dança Terapia.

 

A Associação de Apoio aos Doentes Depressivos e Bipolares, a propósito da data vai organizar um colóquio subordinado ao tema “dignidade em Saúde Mental”, apresentado pela médica Daniela Pires (Assistente Social). O início está previsto para as 11:30, no anfiteatro da Escola de Saúde da Cruz Vermelha, sito na Avenida de Ceuta.

 

Já em Vila Nova de Gaia vão realizar as 8ª Jornadas de Saúde Mental organizadas pelo Serviço de Psiquiatria e Saúde Mental do Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/ Espinho (CHVNG/E). O evento irá decorrer nos dias 15 e 16 de outubro, no Hotel Holiday Inn Gaia , com o mote “Entre as redes neuronais e as redes sociais".

 

 

 

 

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