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A culpa é dos patrões
“Mexer nos mortos, nem pensar”! Era desta forma que Fernando Miranda pensava há 15 anos. Mas no espaço de três meses tudo mudou.

21/07/2015
Autor: Até Sempre

 

Vamos por partes! Fernando Miranda já foi pintor, já foi peixeiro e já tirou cafés. Hoje é agente funerário e brinca ao dizer que é “empregado dos filhos”. A Agência Funerária Roma tem dez anos de existência, contudo foi cinco anos antes que Fernando se iniciou nesta vida.
 
Começou por ser apenas um “desenrasque”. Na altura, um outro agente funerário que petiscava no café do Sr. Miranda pediu-lhe ajuda. Ele lá aceitou, ainda que fosse apenas para conduzir a carrinha funerária ou transportar os caixões. Sim, que outras coisas não eram para ele!
 
“Mexer nos mortos, nem pensar”! Era desta forma que Fernando pensava na época.
 
O “desenrasque” deu lugar a oito meses de trabalho e, desde então, nunca mais largou o meio. Bastaram três meses para que Fernando percebe-se que aquilo que jamais pensou fazer, se tornaria no seu dia-a-dia.
 
“A primeira vez que toquei num cadáver foi por acaso. Quando dei por mim já tinha as luvas e a bata vestidas”, conta-nos. A necessidade de ajudar os colegas numa hora de aperto deitou por terra os receios de Fernando Miranda. Essa mesma necessidade é o ponto de partida para a história deste agente funerário. 
 
 
“Quanto mais aprenderes, mais vais ganhar”
 
Aos 46 anos admite que entrou neste negócio por necessidade: “Quis sempre dar mais e melhor aos meus filhos. Quis ter mais.”  
Durante cinco anos trabalhou para outras agências funerárias e sente-se agradecido por tudo o que aprendeu e todas as oportunidades que lhe foram dadas. Um homem dedicado, e com facilidade em aprender, reconheceu o seu próprio mérito e deu conta que angariava “quatro, cinco funerais por mês”. Um número que lhe permitiu arriscar no seu próprio negócio. 
 
A 1 de setembro de 2005 começa aquela que viria a ser a sua segunda casa: a Agência Funerária Roma, em Lisboa. 
 
“Ouvia os meus patrões dizer que não havia nenhuma agência na Avenida de Roma. Lembrei-me disso e arrisquei abrir aqui”, diz-nos Fernando. “Aqui” como quem diz, porque não faz muito tempo que foi realmente possível ter loja na avenida principal. Ficaram numa travessa perpendicular e mesmo assim singraram, neste ramo. 
 
No início desta aventura, Fernando abriu o negócio com um sócio, mas esta sociedade não durou muito e o agente funerário comprou a quota para oferecer aos filhos. Vânia, a filha mais velha, ocupa o lugar de sócia gerente. Já Nelson, o filho mais novo, é o outro sócio da agência. 
 
O negócio está a tornar-se de família ainda que não seja certo que Nelson se agarre à tradição familiar após a faculdade. Apesar disso, não deixa de ajudar e assim “ganhar uns trocos”.
 
Se tivesse que escolher um lema de vida, o Sr. Miranda confessa que seria: “Quanto mais aprenderes, mais vais ganhar.” Estas eram as palavras que um antigo patrão lhe dizia e ele ainda as guarda.
 
 
Funerais Islâmicos
 
A Agência Roma realiza 98% dos funerais islâmicos em Portugal. Fernando marca pontos neste setor face aos seus concorrentes. 
 
Quando ainda era funcionário de outras agências, um amigo paquistanês solicitou-o para alguns funerais e foi assim que começou a frequentar a Mesquita, onde o seu empenho é reconhecido. 
 
Fernando Miranda considera-se um homem atento, agradecido e esperançoso. E é reto quando nos diz que a sua relação com o cliente vai muito além do funeral. “Existem famílias que já fiz seis, sete funerais”, e acrescenta: “Tento sempre apresentar qualidade.”
 
A essa qualidade quis juntar o Até Sempre, um projeto que para ele “muito ajuda a manter o contato”.
 
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