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“Que posso eu aprender contigo?”
A dor não vai desaparecer (pelo menos não por agora), mas em vez de fugir, podemos aprender a saber lidar com ela.

16/11/2017
Autor: Clarisse Queirós - Socióloga, Conselheira do Luto, Escritora

 

Ter assuntos mal resolvidos só nos faz mal. Cultivar sentimentos de revolta, raiva,
incapacidade para perdoar, vai-nos corroendo e destruindo pouco a pouco. Por isso peço para
fazeres as pazes contigo mesmo e com as pessoas que precisas perdoar. Aliás essas pessoas
precisam, elas também, do teu perdão…
 
Eu sei que é difícil aceitar que temos um problema ou uma doença, seja ela qual for: causa-
nos um enorme sofrimento. É sobretudo complicado aceitar que há coisas que não podemos
mudar, pois não estão sob o nosso controlo, mas a verdade é que a vida não nos segue,
somos nós que a temos de acompanhar.
 
Precisamos aceitar, pois ao não aceitar iremos tornar-nos pessoas amargas e tristes. Acredito
que quando as pessoas se sentem tratadas pelos outros da forma como se sentem, a sua
visão da vida fica certamente limitada, pois a única coisa que fizeram foi fugir, deixando de
ver o que os rodeava, e consequentemente a vida começou a passar ao lado. Quanto mais se
resiste, mais esse sentimento se torna pesado.
 
Ao aceitares, em vez de ter algo a correr atrás de ti, podes trazê-lo para o teu lado, pôr-lhe a
mão por cima dos ombros e dizer: “Que posso eu aprender contigo?” Precisas optar entre
viver fugindo ou viver sentindo e entre sobreviver ou viver desfrutando ao máximo desta
caminhada.
 
A dor não vai desaparecer (pelo menos não por agora), mas em vez de fugir, podemos
aprender a saber lidar com ela. Existe sempre alguma ilação a tirar e oportunidades para
crescer.
 
Para aceitar é preciso estar disposto a enfrentar o que causa sofrimento, tentar compreender,
e perceber o que este acontecimento nos trouxe. Agora, temos capacidade para trabalhar
isto.
 
Algo em que acredito é que a capacidade para aceitar é maior quanto maior for a nossa
ligação à vida. Para que esta ligação seja conseguida, precisamos de estar primeiro ligados a
nós. Ou seja, aceitarmo-nos a nós mesmos.
 
Aceitar não é desistir nem tão pouco resignar-se. É um processo muito complexo, moroso, e
pressupõe um intenso trabalho interior. Conseguindo-o, começamos a percorrer um caminho
de paz e a vida alarga-se em sentido e profundidade, porque tornamo-nos mais atentos e
sensíveis a novos aspetos.
 
 
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