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E quando se fica só?
E ficar só, é como perder o rumo da vida. É ficar sem objectivos. É como se a vida ficasse suspensa. É necessário apanhar todos os cacos e construir algo novo. Mas como?

13/10/2017
Autor: Clara Costa

 

Pois é... e quando se fica só? E o que é isso de ficar só? Pode alguém ter uma família e no entanto, ficar só? 
 
Refiro-me à situação de casais, que mesmo tendo filhos e famílias de parte a parte, vivem apenas um para o outro, como se não houvesse mais nada...como se não houvesse mais vida. Consequentemente, quando um deles parte, seja por morte ou outro tipo de separação, o outro fica só. Muito só. Tremendamente só!
 
Quem fica, começa a perceber que, como tudo foi despendido naquela ligação, não se criaram muitos laços de afeto fora daquele núcleo. Criaram-se talvez, diversas relações formais ao longo dos anos, muitas vezes dentro das próprias famílias. E sendo essas relações meramente formais, muitas vezes não dispõem de sustentabilidade afetiva, e como tal, facilmente são quebradas. Perceber, que devido a essa grande entrega, o casal descurou o investimento noutros relacionamentos afetivos igualmente importantes, torna-se demasiado doloroso, pois é nessa altura que sente o quanto está só. E mais ainda, porque também constata, que os filhos não substituem companheiros, pois são uniões com cariz diferente.
 
E ficar só, é como perder o rumo da vida. É ficar sem objectivos. É como se a vida ficasse suspensa. É necessário apanhar todos os cacos e construir algo novo. Mas como? Com que energia? Como recomeçar? E afinal o que é recomeçar? Como é possível recomeçar uma vida, se na verdade ela não acabou? Por isso, como recomeçar o que não tem recomeço? São questões verdadeiramente devastadoras. E torna-se uma luta difícil e angustiante...e muito, muito solitária.
 
No entanto, apesar de inicialmente ser um verdadeiro labirinto, vai-se reconstruindo interiormente, uma nova forma de lidar com uma realidade diferente. E ainda que muitas das vezes não haja sequer um resquício de energia, outras vão havendo, que proporcionam esperança, e principalmente, a necessidade de ter paz. E no meio de todos os múltiplos e até antagónicos sentimentos, vai havendo uma transformação. Fazem-se novas amizades. Visitam-se sítios diferentes. Surgem novas oportunidades. Novas escolhas. Novas decisões. Conhecem-se outros caminhos. Caminhos esses, que muitas das vezes conduzem a difíceis encruzilhadas. E nesses momentos, são necessárias mais escolhas ainda. Contudo, cada decisão torna-se uma vitória íntima e profunda, que só a própria pessoa entende. Desabrocha então, alguém finalmente disposto, ao tal recomeço, que durante muito tempo, achava inconcebível. Para uns, esta solidão pode durar muitos e longos anos; para outros, perdura pouco no tempo. E outros, ficam sós o resto da vida…por opção ou por medo de arriscar. São escolhas.
 
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