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A arte de empatizar
em•pa•ti•a (grego empátheia, -as, paixão) Forma de identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa.

1/06/2017
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

em•pa•ti•a 
(grego empátheia, -as, paixão)
Forma de identificação intelectual ou afectiva de um sujeito com uma pessoa, uma ideia ou uma coisa (ex.: a empatia entre os voluntários e a população local era evidente; assistimos à perfeita empatia entre piano e violino).
"empatia", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, https://www.priberam.pt/dlpo/empatia
 
 
A melhor definição de empatia que conheci até hoje foi a seguinte: “Experimenta calçar os meus sapatos!”. Não foram precisas palavras mais refinadas, nem discursos mais elaborados para eu entender o significado de empatizar com alguém. Colocar-me no lugar de outra pessoa, para perceber as suas escolhas dos caminhos que fez, para reconhecer as suas conquistas e derrotas, para identificar a distância entre as balizas da sua resiliência, para sentir as suas alegrias e as suas tristezas, para interiorizar em mim a sua vivência. Só então, fiquei verdadeiramente liberta de mim mesma, disponível para me identificar com outra pessoa. 
 
Percebi que é na verdade um exercício de humildade. Sim! Um exercício que se pode treinar, aperfeiçoar e aprimorar com o tempo. Um exercício, que implica uma ação pessoal: eu escolho desprender-me dos meus achismos e colocar-me no lugar do outro. 
 
Assim que comecei a praticar este exercício percebi como as minhas opiniões inabaláveis, as minhas verdades absolutas, os meus valores estruturais não eram mais do que as minhas bengalas, que me faziam sentir amparada em terreno desconhecido. No entanto, no contacto com o outro, elas rapidamente se transformavam em adagas invasoras e arrogantes. Afinal, quem era eu para achar que sabia mais ou melhor sobre a vida daquela pessoa? Quem era eu para criticar os seus valores? Quem era eu para julgar os seus atos? Quem era eu para lhe dizer qual o melhor caminho? Eu era aquela que usava as minhas bengalas para egoisticamente “ajudar” o outro sem nunca sair da minha zona de conforto. 
 
Como se faz? Como nos podemos afastar deste egoísmo empático? 
Podemos começar por retirar o eu do inicio de cada frase:
“Eu sei o que estás a sentir!”, disse alguém a uma mãe que tinha acabado de perder o seu filho. Será que sei? Eu, que tenho dois filhos, aparentemente, com uma saúde de ferro? Não, não sei. Não faço a menor ideia o que aquela mãe está a sentir. Posso fazer uma pequena ideia, tendo em conta de que também eu sou mãe e posso apenas imaginar a sensação de perder um dos meus filhos. Mas é só isso, uma ideia, uma imaginação. Portanto, simplesmente diria: “Não sei o que estás a sentir! Mas podes contar comigo, estarei aqui!”
 
É um começo. O inicio de uma tarefa que exige de nós um trabalho permanente de fortalecimento do núcleo duro para que deixemos de sentir a necessidade de usar as bengalas do egoísmo empático. 
 
Só assim, seremos humildes o suficiente para calçarmos os sapatos do outro e tornarmo-nos mestres na arte de empatizar.
 
 
Saiba mais www.cfeliz.pt
 
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