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Corpos amontoados no Instituto de Medicina Legal à espera de autópsias
O ATÉ SEMPRE esteve no local. Sente-se o cheiro dos mortos na rua, os funcionários desesperam com o mau funcionamento do serviço e há familiares indignados com a situação.

12/05/2017
Autor: Até Sempre

 

Está instalado o caos na Delegação Sul do Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, situada numa das entradas do Hospital de São José, em Lisboa. O Até Sempre esteve no local e constactou que o cheiro dos mortos que se encontram no interior das instalações, sente-se na rua. Tudo porque não estão a ser conservados no frio e são vários os cadáveres que aguardam dentro de sacos, em cima de macas, por ser autopsiados. (Veja as imagens exclusivas)
 
“As pessoas têm de perceber que isto não funciona. A culpa é da greve dos médicos e de tudo o resto. Hoje só estão cá administrativos e serviços mínimos, por causa da tolerância de ponto” diz-nos quem trabalha no local.
 
Tentámos falar com algum responsável do Instituto de Medicina Legal e foi-nos transmitido que “a coordenadora não está e qualquer informação sobre o que se passa só pode ser dada pela Direção do instituto”.
 
 
“O que aqui se passa é um perigo para a saúde pública”
 
Sem a possibilidade de obter uma posição oficial sobre o que se passa na Delegação Sul, falámos com quem diariamente trabalha naquelas condições. “O que aqui se passa é um perigo para a saúde pública. Alguma coisa tem de ser feita. O serviço tem dois frigoríficos. Um deles está avariado há mais de um ano e não funciona. O outro funciona não muito bem e está super lotado. Não há espaço para todos os corpos que chegam, por isso têm de aguardar pela autópsia fora do frigorifico”, descreve ao Até Sempre um dos funcionários que nos pede anonimato.

É precisamente fora do frigorífico que se encontram muitos corpos, daí o cheiro que se sente no exterior e que já levou à reclamação de familiares que têm de se deslocar às instalações onde é feita a recepção de cadáveres. Ou seja, o local onde estivemos, e de onde vem o cheiro, destina-se a receber os corpos para autópsia e é de lá que saem, após serem reconhecidos os corpos para as cerimónias fúnebres.
 
“O corpo que fui buscar lá hoje esteve oito dias há espera de ser autopsiado, pois morreu na passada sexta-feira. É muito complicado levarmos a família do falecido ao local para reconhecimento do corpo. É uma situação nada agradável para nós”, afirma ao Até Sempre Rui Ramos, da Funerária dos Pombais.
 
Incomodado com as condições que encontrou no Instituto de Medicina Legal está José Rego. “Tenho um corpo a aguardar por autópsia. A pessoa faleceu na madrugada de quinta-feira no Hospital de São José e só às 17 horas chegou à Medicina Legal. Hoje quis saber como estava a situação da autópsia e disseram-me que não sabem quando será pois existem 6 ou 7 corpos à frente para serem autopsiados. Só no domingo às 19 horas é que me vão dizer se vai ser autopsiado na segunda-feira. Mas não deve ser pois estão com serviços mínimos. Perguntei se os corpos não ficavam no frigorífico e disseram-me que iam para o frio antes de serem entregues às funerárias, mas nem sei como fazem. Há corpos em sacos plásticos à espera de ser autopsiados”, lamenta o responsável da Funerária Senhora da Paz.
 
Também Fernando Miranda, da Funerária Roma, “sentiu o mau cheiro” a que não consegue ficar indiferente quem se desloca ao local.
 
Desde quarta-feira que estão a ser realizadas apenas “uma ou duas autópsias por dia”, sendo que é grande a preocupação com um agravamento da situação durante o fim-de-semana.
 

 

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