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Desculpa: palavra difícil?
É difícil? Pedir desculpa?” Longe de mim pensar que tão simples pergunta iria gerar tamanho burburinho e discussão nesta que é a maior rede social da atualidade, o Facebook.

5/04/2017
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

É difícil? Pedir desculpa?”
Longe de mim pensar que tão simples pergunta iria gerar tamanho burburinho e discussão nesta que é a maior rede social da atualidade, o Facebook.
 
As opiniões eram várias: algumas divergiam, outras concordavam, outras eram simples, outras complexas, algumas imediatas e outras tantas bastante profundas!
 
Muitos foram os que manifestaram a sua facilidade em pedir desculpa, justificando, como um ato natural após reconhecimento de um erro cometido. Outros confessaram que nem sempre é fácil dizer em voz alta a palavra “-Desculpa!”, precisamente por ser um ato que reconhece um erro cometido. Alguns, foram mais profundos na sua opinião e admitiram a dificuldade desta palavra, precisamente pela responsabilização pessoal do erro que cometeram e pela necessidade de remediar a situação para reparar os laços afetivos danificados por esse erro.
 
Tanta opinião fez-me pensar sobre a minha própria opinião.
 
E para mim? É fácil ou difícil pedir Desculpa?
 
Reportei-me a vários momentos da minha vida em que um pedido de desculpa era essencial. E encontrei vários momentos onde me revi em todas as opiniões facultadas.
 
Tive momentos em que pedir desculpa foi bastante fácil: 
“-Desculpa, queimei o arroz!”, “-Desculpe, não o vi aí!”, “-Desculpa, mas hoje não vou poder ir!”. De facto, foi fácil pedir estas desculpas, pois o erro não era grave e era facilmente remediável: encomendou-se uma pizza, a pisadela não magoou o senhor e o almoço foi reagendado para outro dia com mais disponibilidade.
 
Tive outros momentos em que pedir desculpa, foi um pouco mais difícil, pois o meu erro magoou o outro, defraudou as suas expetativas em mim:
“-Desculpa não estava aqui para ti, quando mais precisaste!”. Este pedido custou mais a fazer, pois a situação exigiu arrependimento, responsabilização e trabalho para ser remediada.
 
E finalmente, encontrei no meu baú de memórias, um momento em que o pedido de desculpa foi dos atos mais difíceis que alguma vez tive de fazer:
-“Perdoa-me! Não há nada que possa dizer, não há nada que possa fazer para remediar o que foi feito. Pagaste caro pela minha decisão. Pagaste com a vida. E eu paguei com a alma.” 
 
Há decisões que afinal são “não-decisões”. A vida mostra-se como ela é e mesmo achando que temos escolhas, os nossos atos vão sempre terminar com o mesmo desfecho: num erro irreparável na liberdade do outro. Este é o pedido de desculpa que me põe a nu, este é o pedido de desculpa que mostra ao mundo o monstro em mim, este é o pedido de desculpa que pela dimensão do erro me torna humana.
 
Por isso, para mim a dificuldade de pedir desculpa está associada à dimensão do meu ato e quão prejudicial foi no outro. 
 
Errar é humano, admitir o erro é humano, corrigir o erro é ser mais humano. 
 
Pedir desculpa é o caminho para a humanização.
 
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