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Luto de Ídolos
E quando morre alguém que idolatramos? Alguém que não conhecemos, mas gostamos daquilo que faz? Saiba como é o luto nestes casos

16/11/2016
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

“It is with profound sorrow we report that legendary poet, songwriter and artist, Leonard Cohen has passed away. We have lost one of music’s most revered and prolific visionaries.”1 – É com profundo pesar que informamos que o legendário poeta, compositor e artista Leonard Cohen, morreu. Perdemos um dos mais respeitados e prolíficos visionários.
 
Foi assim que o mundo das artes e cultura anunciou uma enorme perda no dia 7 de novembro de 2016: a morte de Leonard Cohen, o cantor natural de Montreal-Canadá, que influenciou toda uma geração de culto de rock alternativo. De facto, foi com a sua música inovadora e pioneira na área do folk sombrio, com a sua voz de estilo bem peculiar (grave e quase falada), com letras abordando temas como profecias, espiritualidade, sexo, desolação e paixões, que marcou uma escola de artistas tais como Bono Vox (U2), Nick Cave, Michael Stipe (R.E.M) e Franck Black (Pixies).
 
A sua morte ecoou pelos quatro cantos do mundo e por todo o lado, vozes de fãs prontamente saíram para homenagear a vida do ídolo. Redes sociais foram inundadas com trechos de músicas, partes de poemas, frases de homenagem, despedidas, recordações… todas elas manifestações de pesar, num processo de luto por um ícone.
 
Sabemos que o processo de luto ocorre após uma perda pessoal e emocional profunda e que decorre no tempo de forma mais ou menos prolongada, consoante a intensidade do vínculo com a pessoa perdida.
Também sabemos que um ídolo dificilmente estabelecerá um vínculo emocional com cada um dos seus fãs. Se assim é, como podemos falar de luto quando se dá a morte de um artista? De uma figura pública? De alguém que é seguido por outros?
 
Vários são os relatos de fãs que manifestaram sintomas de luto após a morte do ídolo. Choque e negação, sentimentos de tristeza profunda, choro compulsivo, desmaio e taquicardia. Foram estes os sintomas de várias pessoas, ao receberem a notícia da morte de Airton Sena, Kurt Cobain, Papa João Paulo II, ou no caso de figuras públicas nacionais, Angélico, António Feio, Nicolau Breyner, entre outros.
 
De facto, com a morte de todas estas pessoas conhecidas pelos seus feitos em diferentes áreas, gerou-se um processo de luto coletivo, dos seus seguidores.
Neste caso, falamos da perda de uma referência, de um ícone, de um líder de opinião, que pelo seu carisma e mediatismo conseguiu aproximar-se emocionalmente de um elevado número de pessoas, de grupos, de comunidades.
A sua perda provoca um vazio emocional, insegurança no futuro e desaparecimento de todo um quadro referencial de valores, ideologias e formas de estar.
 
O luto por um ídolo é superado, a seu tempo. A partilha da dor com outros fãs combate a solidão, a fantasia do ícone deixa de ocupar tanto espaço dentro de cada um dos seus seguidores, eventualmente novos quadros referenciais de valores, ideologias e formas de estar começam a fazer sentido na vida de cada um.
 
Em poucas palavras… a vida segue o seu rumo e já só fica aquela música que ao ser escutada nos deixa com um leve sorriso nos lábios e uma doce nostalgia por aqueles velhos tempos.
 
1- Adam Cohen, filho de Leonard Cohen
x Notificação de falecimentos
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