Notícias

Categorias

<<
Como se vive o Luto?
"Com o tempo, apercebemo-nos de que a vida, afinal, nos acontece a todos. E todos nós, a um dado momento vivemos lutos."

21/02/2018
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

Como fazemos o luto? 
Admitindo que a vida nos acontece. Construímos afetos para nos mantermos vivos. Mantemos laços afetivos para nos mantermos em segurança física, psíquica e emocional. Planeamos a vida para nos dar a tranquilidade da previsibilidade destes afetos.
Mas depois, a vida acontece. Perdemos afetos, perdemos laços, perdemos planos. Perdemos tranquilidade, perdemos segurança, pomos em causa a nossa sobrevivência. Perdemos a capacidade de nos sentirmos felizes. Percebemos de que não controlamos a vida.
Com o tempo, apercebemo-nos de que a vida, afinal, nos acontece a todos. E todos nós, a um dado momento vivemos lutos. 
 
1. A dormência dos sentidos
Esta é a primeira vivência após a perda. É o momento de choque, em que a ideia da perda profunda é demasiado avassaladora para ser consciencializada. A pessoa nega ativamente o que lhe está a acontecer e anestesia os seus próprios sentidos para poder continuar a funcionar.
 
2. A bipolaridade das emoções
É a segunda vivência após a perda profunda. É pautada por uma descrença face à realidade tal como esta se apresenta. Há uma busca permanente pelo afeto que se perdeu, na ânsia de reencontrar quem amamos; e há um desencontro permanente nesta nova realidade, uma frustração ou desespero por darmos conta que perdemos esse amor.
Pequenos detalhes do dia a dia, como pegar o telefone para ligar ao pai para pedir um conselho profissional e dar conta nesse momento de que ele já não está, ou ouvir o som das chaves na porta de casa e pensar que o filho regressa das aulas, quando este perdeu a vida há um ano num acidente de viação, são alguns exemplos da bipolaridade emocional que se pode sentir durante este momento
 
3. O reconhecimento da realidade
É o terceiro momento neste processo de construção de resiliência. Pode ser o momento mais doloroso de todo o processo. Acabou a busca e a realidade tornou-se uma e inequívoca. Admiti-la de forma profunda é largar definitivamente os laços com o passado. Há uma catarse emocional, absolutamente dolorosa, seguida de uma sensação de alívio. Os afetos estão novamente arrumados.
 
4. O caminho para uma nova felicidade
É o momento de superar a adversidade. É o prémio merecido após um desafio difícil. Existe agora espaço para a construção de novos vínculos, novos afetos, novas felicidades. Uma vez aqui, percebemos o impacto desta jornada em nós: tornamo-nos mais resilientes, com uma capacidade aprimorada em nos adaptarmos às adversidades da vida que podem (vão) surgir; e na nossa vida: aprendemos a valorizar o que realmente importa e a encontrar paz de espirito nos mais pequenos detalhes do dia a dia.
No fundo, tudo se resume a uma questão de atitude. Não podemos escolher a vida que temos, mas podemos escolher como queremos vivê-la. 
 
 
Saiba mais www.cfeliz.pt 
 
x Notificação de falecimentos
x INSCRIÇÃO WORKSHOP LUTO