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Dia Mundial do Migrante e do Refugiado
Um dia que passou despercebido, mas a Conselheira do Luto, Cristina Felizardo, fez questão de salvaguardar

18/01/2017
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

“Raro é o dia em que não somos inundados com imagens de refugiados! Imagens de homens e mulheres, crianças e jovens, idosos e bebés, todos em situações de indignidade humana! Do lado de cá são só mais imagens, bidimensionais, distantes, que me provoca o entorpecimento dos sentidos… Mas do lado de lá é medo, é desespero, é agonia, é frio, é luta, é sobrevivência, é resiliência, é família e é amor!
 
Não… não me vou cansar de entrar dentro das imagens, pois no dia em que os meus sentidos anestesiarem de uma vez, será o dia em que perco a humanidade em mim!”
 
 
No passado dia 15 de janeiro, assinalou-se o Dia Mundial do Migrante e do Refugiado.
 
Este ano calhou a um Domingo, passou despercebido. Passaram despercebidos, os rostos de homens marcados pelo desespero em manter as suas famílias salvas; passaram despercebidas as lágrimas que caiem pelo rosto das mulheres, ao se sentirem impotentes em manter os seus filhos seguros; passaram despercebidos os choros e soluços das crianças privadas de infância; passaram despercebidos os jovens que tiveram de se tornar adultos de um dia para o outro; passaram despercebidos os lamentos dos idosos, desalentados pelo legado que deixam aos seus descendentes; passou despercebida a quietude indesejada do bebé.
 
Sabem que falo de luto. Está comprovado cientificamente que o afastamento provisório de entes queridos, como no caso da migração, é uma das causas de perda emocional profunda e por isso originária de processo de luto. No entanto, no caso dos refugiados de guerra o processo de luto é mais complexo, pois à causa de afastamento de entes queridos, acrescem as causas de morte de familiares (em contexto traumático) e desvalorização social (por perdas financeiras e de posição
social).
 
A estas causas de luto, eu acrescento outra: a perda de humanidade! Perda de humanidade deles, por se verem a viver em condições que atentam contra a dignidade do Homem. Perda da nossa humanidade, por entorpecermos os nossos sentidos para que a realidade perca a sua profundidade.
 
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