Notícias

Categorias

<<
Dia Internacional das Pessoas com Deficiência
O Até Sempre entrevistou a Presidente da BIPP, que é também mãe de uma criança com deficiência.

3/12/2015
Autor: Joana Martins Gomes

 

O Dia Internacional das Pessoas com Deficiência  realiza-se desde 1998, ano em que a Organização das Nações Unidas avançou com a convenção sobre os direitos das pessoas com deficiência. 
 
Joana Santiago, Presidente da Direção da BIPP -  Banco de Informação Pais a Pais, considera que este é “um dia para sensibilizar e lembrar a população que esta realidade existe e onde se procura informar e evidenciar que medidas e respostas tem sido criadas para esta população. Por um lado é bom porque se fala no assunto, por outro não porque se  distinguem estas pessoas de outras."
 
Ainda assim, Joana admite que: “Gostaria que fosse lembrado de outra forma como num dia dos direitos Humanos dos cidadãos com deficiência”.
 
O Até Sempre entrevistou a Presidente da BIPP, que é também mãe de uma criança com deficiência.
 
Até Sempre: Como surgiu a BIPP e que papel desempenha na inclusão de cidadãos com deficiência na sociedade?
 
Joana Santiago: Sou mãe de uma criança com deficiência e deparei-me que independentemente da deficiência , os pais sentem-se perdidos, sem acesso a informação e recursos. Começamos com uma base de dados de informação a todos os níveis e  acompanhamento de técnicos na procura de soluções. Evoluímos para a criação de respostas inclusivas como são os nossos programas- Inférias; EDI; SEMEAR e Juntos Num Só Ritmo.
Sou fundadora da Instituição que abriu portas em 2009 depois de 4 anos de estruturação e angariação de fundos que nos permitisse começar. Sou enfermeira e trabalhei em "duplo " até 2014 altura em comecei a dedicar-me em full time à Instituição como presidente e diretora geral.
 
A.S.: Acha que a sociedade ainda olha com preconceito para as pessoas deficientes? 
 
J.S.: Sim, mas está melhor. Na geração dos nossos pais os  cidadãos com deficiência eram "escondidos" . Agora estão mais participativos graças à abertura da sociedade. Mas há ainda um longo caminho a percorrer pois a sua inclusão ativa é bastante difícil e o acesso a recursos , emprego, serviços é ainda muito complicado. Nas escolas há muito trabalho a fazer pois apesar de o ensino ser obrigatoriamente inclusivo, a comunidade não tem qualquer formação para receber e conviver normalmente com estas crianças e jovens.
 
Por isso criámos o programa “Juntos Num Só Ritmo” mas abrange ainda poucas escolas. É difícil sensibilizar entidades públicas e privadas para a necessidade de educar a população. Sem educar e sensibilizar é impossível incluir!
 
 
A.S.: Da sua experiência, há diferenças na aceitação de um filho deficiente caso se saiba antes ou após o nascimento?
 
J.S.: Infelizmente muitos, quando o sabem antecipadamente , abortam. Outros tem tempo para se preparar
Mas, há sempre um grande choque, independentemente de se saber antes ou depois e acredito que este se deve exatamente pelas inúmeras barreiras,  acesso a recursos, preconceitos, falta de informação e  dificuldade de aceitação da sociedade destas crianças .
 
A.S.: Como mãe de um rapaz com deficiência sente-se desafiada a fazer mais, a ser mais para ele e para colmatar as lacunas sociais?
 
J.S.: Claro. Se não formos nós pais quem o faria? Procuro fazer por ele e por muitos como ele pois a união faz a força. Por isso fundei o BIPP. Sinto-me responsável por sensibilizar, educar  a sociedade e preparar tal como outro filho, o caminho dele e o seu futuro. A única diferença é que os recursos são diferentes
 
É uma paixão fazer este trabalho e dar voz a quem não é ouvido ou não tem capacidade para se fazer ouvir. São pessoas excepcionais pelas barreiras que  tentam ultrapassar diariamente quer físicas, sociais, intelectuais. São pessoas puras, sinceras  merecedoras de respeito e dignidade como qualquer outro cidadão.
 
 
"Ser deficiente não é um insulto"
 
Esta é mais recente campanha promovida pela BIPP a que milhares de pessoas já se associaram. 
 
O desafio lançado pela associação é simples: partilhar uma selfie com uma tira de fita cola na boca e o insulto escrito de “que foi alvo ou que utilizou”. A selfie deve ser publicada com a descrição em que o insulto foi usado, e com as hastags #bipp e #naoeinsulto.
 
Joana Santiago explica que: “O uso corrente de termos ligados à deficiência como atrasado mental, anormal, def  com uma conotação negativa ou depreciativa contribui para a exclusão destes cidadãos. Os significados atribuídos a estes termos , estando sempre relacionado com fatores ou situações desagradáveis faz com que associemos a deficiência a uma negação. Estamos assim a alertar a sociedade para esta situação e sensibilizar para o  respeito e dignidades desta faixa da população que em Portugal chega quase aos  10%!”
 
A associação lembra que no Instagram termos como deficiente, freak ou mongloide são frequentemente usados. Nessa rede social, a hashtag #deficiente foi usada 93.308 vezes, #mongo tem 70.000 utilizações, e #anormal tem 52.000 utilizações, por exemplo. A hashtag mais usada é #freak (393.005).
 
x Notificação de falecimentos
x INSCRIÇÃO WORKSHOP LUTO