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O luto é definido como um processo de reação a uma perda pessoal profunda, que decorre no tempo de forma mais ou menos prolongada. A duração desse processo depende precisamente da intensidade do vínculo estabelecido com a pessoa perdida.
A perda por morte é irreversível. Este é o fator chave que diferencia o processo de luto por morte de ente querido, das restantes causas de luto. Independentemente das causas diferenciadas, o processo em si decorre de forma semelhante, com base em vivências que iniciam com o choque, oscilam entre a descrença (onde prevalece o passado) e o reconhecimento (constatação da realidade), levando à superação quer pela via da aceitação (onde se dá o desapego), ou pela via da conformação (em que prevalece o apego continuado). Falamos do modelo vivencial para a superação do luto.
No caso da morte de um filho – o defilhar – a intensidade do vínculo é, salvo exceções, extremamente forte, seja por questões genéticas (perpetuação da espécie), por herança do legado e por expetativas pessoais projetadas naquela criança. Os laços afetivos adornados com as premissas anteriores fazem com que esta perda se traduza na “dor maior”. O processo de luto é a reação necessária para a superação desta perda, para que o pai/mãe recupere a harmonia e serenidade.
No entanto, tratando-se da “dor maior”, a superação não é conseguida por aceitação, mas sim pela via da conformação, isto é, o pai em luto – defilhado – aprende a viver com aquela dor, que apesar de diminuir de intensidade com o passar do tempo, não desaparece; fica latente, por vezes dormente, outras vezes reativada por datas significativas.
São três as regras básicas no apoio aos defilhados: escutar, não censurar e disponibilizar. A escuta é imperiosa porque os defilhados necessitam de partilhar, de forma incessante, as memórias associadas ao filho, para o manter vivo dentro de si. Devido à perturbação física e emocional em que se encontram, os defilhados podem adotar comportamentos que não eram habituais neles, numa tentativa de minorar o seu sofrimento; não devemos julgar as suas ações. Por último, devemos fazer com que sintam a nossa disponibilidade, nunca impondo uma presença.
Num primeiro momento, o enlutado procura conforto e segurança junto da família e amigos. Estes são solidários e disponíveis. No entanto, o tempo impõe-se e a vida continua. Nesse momento, surgem as respostas formais e institucionais, disponibilizadas por organizações que, de forma profissional ou voluntária, promovem o apoio ao luto. É o caso da APELO-Apoio ao Luto, associação de âmbito nacional, com delegações em Aveiro e Lisboa. Como forma de chegar mais perto de quem precisa, a APELO criou a comunidade no facebook intitulada “Defilhados- Pais em Luto”, criando um espaço seguro de partilha e catarse para os que sofrem a dor da perda de um filho!
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Quem é Cristina Felizardo?