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Portugal está de Luto
Sem nos esquecermos, concentremos agora a nossa bondade no essencial.

21/06/2017
Autor: Cristina Felizardo - Conselheira do Luto® / CEO do projecto Cfeliz

 

“Sem nos esquecermos, concentremos agora a nossa bondade no essencial: prosseguir o
combate em curso, manter e alargar de forma ativa e consequente a nossa solidariedade a
quantos sofreram e ainda sofrem a tragédia, demonstrando que nos instantes mais difíceis da
nossa vida como nação somos como um só”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, Presidente da
República Portuguesa, no momento em que anunciou o decreto de luto nacional por três
dias.
 
 
17 de junho de 2017, Portugal ficou em luto.
 
Nos dias que antecederam esta fatídica data, o IPMA – Instituto Português do Mar e da
Atmosfera emitiu alertas para vários distritos do país, avisando sobre as elevadas
temperaturas e ventos fortes que se fariam sentir no fim de semana que se avizinhava. Mas
num país, onde os picos de calor não são novidade e, frequentemente, são vistos como
oportunidades para momentos de lazer, em família, como um preview das férias, nada nem
ninguém podia antever o que iria acontecer.
 
Em Pedrogão Grande, distrito de Leiria, vários foram os que aproveitaram aquela tarde de
Sábado para se refrescar nas águas da Praia Fluvial do Mosteiro, banhada pela Ribeira de
Pera. Outros procuraram o conforto no interior dos seus lares, munidos de ventoinhas para
fazer circular o ar, que sempre dava uma maior sensação de frescura. Mais uma tarde de
Sábado igual a tantas outras. Sim estava calor, mas quem vive neste Portugal interior,
conhece bem as temperaturas escaldantes da serra.
 
E eis que surge, o alerta de fogo. Mais um. “Ai, estas serras deste Portugal já conheceram
tantos fogos! Tanta da nossa mata ardida. Tanto do nosso tesouro, o nosso verde país,
queimado!” – elevam-se as vozes do povo. Mas este fogo parecia diferente! Algo não estava
certo. Rugia alto, crescia destemidamente e corria veloz, demasiado veloz.
 
Não houve tempo. Simplesmente, faltou-lhes o tempo. Quando o medo alertou para o sinal
de perigo de morte as pessoas, o povo, precipitou-se numa corrida pela vida. Aquela estrada
tantas vezes percorrida, parecia agora interminável, não se via o fim. E quente, estava tão
quente. Um corredor do inferno. Estavam todos lá. E todos lá ficaram. O fogo, esse, lavrou
sem saber se consumia mata, matéria ou pessoa. Passou veloz, deixando atrás de si um rasto
de destruição.
 
Uma calamidade, confirmamos agora. Apenas umas horas depois e nós, os que ficámos de fora,
conseguimos perceber que o ficou foi uma calamidade: uma tragédia pública.
Os vizinhos acudiram, estavam próximos. Os dirigentes do país apareceram, é demasiado
grande para um país tão pequeno. A comunicação social, fez chegar a notícia aos outros
cantos do mundo e todos foram solidários. Os nossos heróis continuam a combater o terrível
monstro.
 
E nós? Os outros da nação? Os que funcionam como um só? Nós, estamos aqui a tentar
refazer-nos do choque desta tragédia. Nós, estamos a organizar-nos para ajudar quem está lá,
perto do monstro. Nós, zangamo-nos com este, com aquele, com o mundo, para arranjar um
culpado por esta perda. Nós, damos um abraço à mãe, ao irmão, à tia, ao amigo que
perderam os seus afetos, os seus amores. Nós, choramos os nossos mortos. Também eles são
nossos.
 
A perda foi de alguns. A dor é de todos. E por isso o luto é de Portugal.
 
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